terça-feira, 31 de agosto de 2010

eu, a da Ilha

Ao pescoço trago comigo uma placa como aquelas penduradas nas portas do comercio a dizer: VOLTO JÁ. É assim que me sinto sempre que penso no Porto, cidade que tão agradavelmente me acolheu. O Porto ficou no passado agora estou pela Madeira. O amor e a amizade são a grande força que sustenta todo o universo, sem ele o mundo viveria num Inverno perpétuo. Ergui o meu castelo e refugiei-me na ilha-do-coração. Embriago-me pelas cores, sinto a leveza que se respira quando o nosso olhar se cruza com a imensidão deste mar...ai o azul do mar! Encontro flores pintadas de todos os tons do arco-íris, absorvo o verde da serra, a calma no ar, passo na rua e dizem-me: bom dia! O som do "click" da máquina fotográfica faz-me sentir que não me perdi, noutro espaço, noutro céu continuo a ser quem sempre fui. As solas gastas do sol pintam o céu de cores enquanto vagueio perdida entre caminhos a disparar sucessivos "clicks". Olho para o céu como se fosse a primeira vez. Desfruto do instante mágico das coisas. Torno-me numa criança que se espanta com tudo. Eu sou assim.

a do Porto


a minha cidade invicta
de festas populares e bairrismos e clubismos
de calão e pronúncia
de pedra cinzenta e azulejos
de museus e lojas
de desenhos na parede
de surpresas ao virar da esquina
de mar bravo e frio, rio de ouro, céu de muitas cores

sou dura como a minha cidade
uso uma carapaça cinzenta que me protege do sol
por dentro, muitos desenhos e cores
e passarinhos que voam e flores que não cheiram

ando pela cidade a descobrir coisas bonitas
às vezes apaixono-me por outras paragens
mas a minha cidade é a minha casa