terça-feira, 25 de janeiro de 2011

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

o que se encontra no chão



...triste sina de peluche abandonado... fora outrora feliz nas mãos de uma criança...

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

luz


de dia são esquecidos no meio da paisagem

à noite iluminam caminhos de vida

da luz


iluminação pública à antiga
com todos os rococós a que tem direito

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

passarada


quase todos os dias os vejo
alguns visitam-me à janela
gaivotas e pombos
e melros a saltitar no jardim lá em baixo
e outros passaritos
não lhes sei os nomes

ao pôr-do-sol todos os pássaros são pardos

a voar


vezes-sem-conta
fecho-os-olhos
voo-com-ele

domingo, 16 de janeiro de 2011

gatos


pé-ante-pé
gato-sombra
jardim-verde

gato



Quem há-de abrir a porta ao gato
...quando eu morrer?


Sempre que pode
foge prá rua
cheira o passeio
e volta para trás,
mas ao defrontar-se com a porta fechada
(pobre do gato!)
mia com raiva
desesperada.

Deixo-o sofrer
que o sofrimento tem sua paga,
e ele bem sabe.

Quando abro a porta corre para mim
como acorre a mulher aos braços do amante.
Pego-lhe ao colo e acaricio-o
num gesto lento,
vagarosamente,
do alto da cabeça até ao fim da cauda.
Ele olha-me e sorri, com os bigodes eróticos,
olhos semicerrados, em êxtase,
ronronando.

Repito a festa,
vagarosamente,
do alto da cabeça até ao fim da cauda.
Ele aperta as maxilas,
cerra os olhos,
abre as narinas,
e rosna,
rosna, deliquescente,
abraça-me
e adormece.

Eu não tenho gato, mas se o tivesse
quem lhe abriria a porta quando eu morresse?




in Obra Completa António Gedeão, Relógio D'Água

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

reflexo


reflicto em toda a superfície que reflecte
e às vezes clico
o botão

reflexo


gosto de me ver por aí, torta ou direita, gosto de me ver...
não é narcisismo, é só outra forma de reflectir a vida...

domingo, 9 de janeiro de 2011

as árvores...




... são sombra-perfume-cor-alegria-beleza-abrigo...





árvores floridas


as flores das árvores
as árvores sem folhas
as folhas no chão
chão verde
num jardim cercado de carros
uma ilha redonda de verde

sábado, 8 de janeiro de 2011

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

pão nosso


broa nossa de cada dia...

é quase tão boa como chocolate ;)

pão que já é meu...


Um pão que já é meu este bolo do caco...
impossível resistir-lhe como entrada com a manteiga de alho derretida entranhada...
quando a fome de um dia de praia aperta não há nada melhor que um prego no bolo do caco acompanhado com uma cervejinha...
num arraial a acompanhar a típica espetada...
ou até simples quentinho quando este sai das mãos de quem o sabe fazer...
é pão dizem... mas é belo de um pão!

É confeccionado de uma forma diferente do habitual, o bolo é colocado sobre o "caco" quente e é cozido até adquirir uma crosta fina, ligeiramente queimada. Em seguida, é virado, para que fique cozido em ambos os lados. Não vai ao forno!


domingo, 2 de janeiro de 2011

Porta


portas de madeira
da cor da tinta

e dos raios de sol
e da terra trazida pelo vento
e do sal do mar
e das teias de aranha

e das mãos e das chaves
e das cartas...

uma ténue separação entre mundos

portas fechadas


admito, vergonhosamente , admito que sempre que passo por uma porta assim tenho vontade de entrar, entrar sem bater à porta, entrar como se fosse a minha casa, entrar e respirar o ar-de-histórias-e-memórias que se vive lá dentro e fazer parte daquele mundo nesse momento, tenho vontade de ver o que está do outro lado...
admito, sem vergonha, que sempre que passo por uma porta assim passo para o lado de lá da madeira que separa os nossos mundos...